ALÉM DA BRISA

Cultura canábica, arte e anos em LA: conheça Thainá Zanholo

 

Foi morando na Califórnia que Thainá Zanholo teve a ideia de criar a Nowdays. Paulista com experiência em comunicação e publicidade, ela tinha 27 anos, era início de 2021 em Los Angeles e seu plano era montar uma plataforma de conteúdo para falar de cannabis, educando sobre a planta e conectando gente que queria consumi-la de forma menos estereotipada, mais associada à ideia de bem-estar. “Transformar imageticamente a cannabis” para furar a bolha, explica Thainá.

De forma orgânica foi nascendo uma marca de lifestyle, vendendo camisetas e acessórios como bonés, tote bags, stashes com piteiras e dichavadores. Hoje, a Nowdays se prepara para expandir sua atuação, em conformidade com as legislações de cada país, é claro, e observando o debate sobre a legalização da planta finalmente avançar no país. “A gente agora está se estruturando para começar a oferecer produtos de cannabis pro Brasil também: óleos, gummies, extratos e todos os outros tipos de cannabis que se pode consumir”, conta. 


Conversamos com a Thainá, diretora criativa e fundadora da marca, que voltou recentemente a morar no Brasil, e aproveitamos para descobrir as melhores experiências em uma São Paulo canábica. Das headshops mais interessantes a boas laricas, passando por lugares para um bom date até orientações sobre como chapar em segurança - só ou com alguém -, ela dá dicas preciosas.

 

DiBoa Headshop, em Pinheiros

Thainá, qual foi o estalo que te deu pra criar a Nowdays?

Eu já estava morando na Califórnia há alguns anos - sou de São Paulo, nasci e fui criada em Osasco, e acabei me mudando pros EUA aos 21 - e esse tempo em que fiquei lá foi justamente quando eles estavam mudando [as leis de liberação do uso da cannabis] do medicinal pro recreacional, então eu acabei assistindo esse movimento. Sempre fui consumidora de cannabis e, vendo isso acontecer, quando voltava pro Brasil me perguntava quando isso iria mudar no país. E me remetia muito ao fato de que, na Califórnia, a transição rolou quando marcas começaram a entrar no rolê e transformar imageticamente a cannabis: criar marcas legais, mais modernas, femininas, para mães… Então pensei: e se eu começar esse movimento no Brasil de transformar imageticamente a cannabis, ou o que as pessoas conhecem sobre a planta, vai que a gente consiga furar a bolha? 

Com isso acho que vem muito a educação, sabe? É necessário reeducar: deixa eu te mostrar que, além de salvar vidas de pessoas com doenças crônicas, a cannabis serve de apoio terapêutico para muita gente que só quer um auxílio na hora de descansar, na hora de curtir com os amigos…

⁠Como é sua rotina como diretora criativa da marca: o que você gosta de acompanhar, onde gosta de ir…?

Minha rotina de direção criativa é muito pautada em aspectos que pra mim são essenciais: entender qual o zeitgeist do momento, o que está acontecendo no universo da cannabis e o que está acontecendo no universo da arte. Esse é o maior segredo da Nowdays e algo que não abro mão. A gente mistura isso e transforma em um conteúdo pra internet. Então meu time todo é ligado em arte, música, cultura e, claro, cannabis. No nosso dia a dia a gente funciona como uma revista digital. 

Gosto de ir a exposições, galerias de arte, peças... Consumo esse tipo de cultura e informação porque isso me traz inspiração para criar. Busco referências visuais, principalmente, para que, junto ao que está acontecendo no planeta e no universo da cannabis, eu consiga produzir algo bem único.

 

Falando em universo da cannabis, quais seus lugares favoritos para comprar acessórios em São Paulo?

Um dos lugares que acho bem legal com uma curadoria boa de produtos e acessórios é a Diboa Headshop, e a MaPuff também. 

E onde ter as melhores laricas na cidade?

De larica em São Paulo eu indicaria a Paul's, com certeza. De doce a Ooey Cookie. Tem também a Fatz Delícias pra hambúrguer. Tem a Notorious Fish pra quem gosta de peixe. 

O Notorious Fish, em Pinheiros, ocupa o topo da lista de melhores lugares para laricar, de acordo com Thainá.

Tem dicas de lugares bons para um date?

Eu gosto muito do Matiz, acho que é um bom lugar pra date porque ele é um listening bar, então tem música e uns lugares delícia pra sentar, trocar uma ideia, a área externa é bem boa. O Bar dos Arcos também acho muito chique, intimista. De restaurante eu gosto do Cora porque lá fora tem uma vista de São Paulo que pode ser muito inspiradora e romântica também. Acho que eu diria esses três lugares pra me deixar feliz, se alguém quiser me levar pra sair.

O que você acha essencial para chapar em segurança, sozinho ou acompanhada/o? 

Essencial para chapar com segurança é redução de danos. Uma piteira para resfriamento da fumaça, prestar atenção com quem está dividindo - porque passar o beck é tradição, mas é importante saber com quem você tá fazendo isso. Ter respeito com outras pessoas, acho que segurança é não só sobre si mesmo, então tentar não consumir perto de crianças ou em ambientes que não sejam propícios. 

Acho que a consciência do consumidor é chave para a aceitação geral, sabe? No momento em que a cannabis começa a ser mundialmente aceita, é importante entender que nem a descriminalização ou a legalização significam que você pode fazer o que bem entender. Entender os limites é meu recado.

 

“Gosto de ir a exposições, galerias de arte, peças... Consumo esse tipo de cultura e informação porque isso me traz inspiração para criar.”

 

Matiz Bar, na República.

 

Para terminar, tem alguma história favorita envolvendo date e cannabis?

Nossa, eu tenho a história mais icônica, mais maravilhosa relacionada à cannabis. Não era um date, mas eu estava com duas amigas na Califórnia, anos atrás, curtindo uma festa Halloween numa penthouse, e a gente estava se divertindo, fumando nosso baseado na pista, tava uma delícia. Até que chegou um cara grandão e falou: "Estão chamando vocês pra fumar um lá em cima". E aí a gente olhou pro cara tipo: "Não, estamos bem aqui, imagina...". Ele: "Não, pô, estão chamando vocês, vocês não vão se arrepender". E a gente: "Ai, mas será que a gente quer ficar falando com homem agora? Não sei, acho que a gente vai ficar aqui". Deu o segundo não pro cara. Aí ele: "Então, é o Snoop Dogg que está chamando vocês". E aí a gente: "Quê???", hahahaha. 

Foi quando a gente olhou pra cima e era o mano de verdade... E, óbvio, não teve como a gente falar não. A gente subiu, foi super bem recebida, super bem tratada, ele estava com um amigo e esse cara que era o segurança.  Eu ofereci meu baseado e ele falou: "Não, se vocês estão com a gente vocês fumam o meu baseado". E foi incrível, o cara é super respeitador, um querido. Passamos acho que uma hora trocando ideia e é uma história que eu nunca vou esquecer, foi muito legal mesmo.


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