HARMONIA NO CAOS
Designer atenta e curiosa, a paulistana Vanessa Queiroz indica os melhores cantinhos no centro de SP.
“São Paulo pra mim é 100% inspiração”. A frase da designer Vanessa Queiroz pode até parecer exagero, mas ao ouvi-la falar com tanto encanto e empolgação sobre a cidade, logo se percebe que não. Nascida na zona sul da capital, a criativa é sócia do Colletivo Design, um estúdio que fincou os pés no centro há quatro anos, após passar por diversos endereços - até mesmo uma sala sem janela na Vila Olímpia, quando começaram.
Do terceiro andar de um predinho charmoso conhecido por abrigar o bar Balsa, ela trabalha e vive diariamente a cidade. “Acho que o centro oferece todos os tipos de estímulos: desde você sair da sua bolha até conseguir entender a beleza que é São Paulo. Estar aqui traz um contexto e, ao mesmo tempo, a gente respira uma criatividade que vem muitas vezes da diferença, de um olhar que só uma cidade desse tamanho consegue te dar”, diz ela.
Colletivo, o nome do estúdio da Vanessa, vem da ideia de movimento, e é justamente a circulação arejada e atenta da designer pela cidade que fica evidente nas dicas preciosas que ela traz aqui. O destaque vai para espaços (clássicos e recém-abertos) na região central, perfeitos tanto para quem vai acompanhado quanto para quem quer conhecer gente - de pistinhas no alto de edifícios históricos ao balcão de um bom izakaya, passando por ocupações artísticas escondidas dentro de prédios.
Vanessa, como São Paulo te inspira no seu trabalho?
Eu sou muito metropolitana, amo cidade grande, amo as possibilidades e a multidisciplinaridade que uma cidade desse tamanho traz. São Paulo pra gente (eu e meus sócios no Colletivo) é essa questão do movimento, de ter gente de vários estilos circulando, pessoas do Brasil inteiro se encontrando.
Estar em um estúdio no centro da cidade é um estímulo criativo?
Esse é nosso sexto endereço, a gente veio pra cá pós-pandemia. Estar aqui é estar em contato com a babilônia que é São Paulo e com a realidade brasileira. Eu não consigo entender trabalhar design, comunicação sem entender a realidade do próprio país. Pra mim foi um baque na pandemia sair de uma casa em que a gente era uma grande comunidade e ir pro home office, e quando a gente veio pro centro, veio em busca de um resgate. A gente precisava olhar pra onde a gente queria ir.
Aqui você tem os restaurantes mais clássicos, tipo comer um parmegiana no Guanabara, almoçar no Theatro Municipal (Salão Dourado) ou comer um PF na Leiteria Ita que é uma lanchonete que existe desde 1950… Você tem uma linha do tempo, uma coisa histórica. E tem também os novos lugares. A gente trabalha com alguns escritórios de arquitetura que atuam com retrofit, então estamos vendo uma reocupação do centro por essa nova geração, empreendimentos e coisas que estão acontecendo que são sensacionais. Para mim isso é pura efervescência, me dá um gás enorme.
Quais os lugares da cidade com arte e cultura que mais te inspiram hoje?
Eu falaria de arte, cultura e gastronomia. Acho que o que mais me encanta em São Paulo hoje são os espaços que te trazem isso. Então você tem a Casa de Francisca. Você tem a Somauma que é uma empresa de arquitetura que ocupou o edifício Virginia, na República, e agora está aqui na Santa Ifigênia, no Edifício Misericórdia, fazendo o projeto Seiva e Cidade.
Você tem o CCBB, a Pinacoteca. Tem a Galeria do Rock, os estúdios de design e arquitetura na Galeria Metrópole, tem o Clube do Livro do Design. Cara, eu poderia ficar horas falando. Tanto no centro da cidade como em São Paulo geral, mas hoje eu tô convivendo muito mais no centro, onde você tem infinitas possibilidades de acesso à cultura, muitas vezes sem pagar.
Agora a gente tem o Anhangabaú com uma série de atividades: shows, cinema. Tem bares que estão abrindo, como o Renata. O Cine Joia e, em frente dele, um izakaya super legal.
E quais são os lugares mais gostosinhos para conhecer gente ou ir acompanhada/o/e?
Um lugar que fui recentemente e adorei, com uma pista maravilhosa, é o Ephigênia. Achei incrível a proposta, você chega no calçadão ali da ponte e entra no bar que é lindo.
A própria Balsa que quem não veio tem que vir, ela já tá completando 11 anos e funciona de quarta a domingo de dia, e ainda tem a parte de DJs: Marky, Elohim…
E obviamente o Martinelli que acabou de ser adquirido pelo grupo Tóquio. No topo você consegue ver a cidade inteira, e a história dali por si só já é incrível: era o edifício mais alto da cidade, o cara construiu uma casa lá em cima pra morar pra mostrar que o prédio era seguro. E quem visita e conhece a balada também é bem legal, e o som é demais.
“São Paulo é essa questão do movimento, de ter gente de vários estilos circulando, pessoas do Brasil inteiro se encontrando. ”
O restaurante Parador, no recém-retrofitado Edifício Renata, oferece -- além de menus de café da manhã, almoço e jantar -- day use para sua piscina, um oásis no meio do centro de SP.